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quarta-feira, 18 de novembro de 2020

 RENASCIMENTO


Luís Vaz de Camões (nascido em 1524, Lisboa ou Coimbra  e falecido em Lisboa  a 10 de junho de 1580) foi um poeta nacional de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura lusófona e um dos grandes poetas da tradição ocidental.



 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Tomando sempre novas qualidades.
Todo o mundo é composto de mudança, Continuamente vemos novidades,
E do bem, se algum houve, as saudades.
Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E em mim converte em choro o doce canto.
O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soía.
                         Luís de Camões   


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           Luís de Camões


 

 

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